Agora rememoro um barco a gasolina,
fissuras na frescura (a casa está e chamas),
os olhos de savana, por Luanda acima,
a contemplar a ilha ignota em lágrimas
Agora rememoro o murmúrio da praia
um maremoto de mulher, amada
debaixo da palmeira sobre a água
ou no barco do barco, vaga a vaga
Agora, outrora, rememoro e fixo
o momento que passa e que é perene
ao pisar terra liquefeita em sangue
Eu respirava a solidez do ar opaco
Arquidemotrutor indicou-me o desenho:
guitarra portuguesa de compasso e esquadro
António Barahona
Poeta e Escritor
26.09.2001