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Dez 22

Criatividade e Mudança

“Das “Casas Portuguesas” aos “Barcos em Terra” e à “Simbólica”, da sua existência à criatividade, do comportamento à Solidariedade e Amizade, Troufa Real é interactivo e contradiz o “senso comum”.

Está-lhe implícita a remoção de todas as “forças em oposição”; como tal, continua a deslocar-se segundo a sua “linha recta”.

Troufa nasceu da revolução e na revolução com os seus pares da Casa dos Estudantes do Império, nos idos de 1960.

Viveu a mudança radical na efervescência de 1975, em Angola e em Portugal. Interiorizou uma nova sociedade, dentro dos princípios da Igualdade e da Fraternidade, renasceu como pensador e criador.

A longo prazo e em coerência, dentro de ideias infra-estruturadas no sub-consciente, desenvolve a criatividade numa base contínua.

Se algumas coisas nudam numa revolução, mesmo durante o período subsequente, na normalidade, continuam a ocorrer mudanças significativas.

Troufa Real, impotente contra as injustiças, a prepotência, o mundo economicista, a desigualdade, a globalização, marca a diferença com a sua criatividade, carregada de “mudança”.

Temos de saber ler as novas ideias que em desenho, projectos e obras, na sua expressão tridimensional e temporal, nos apresenta. As ideias e os ideais estão lá, de facto. Ao lê-lo, ser-nos-á possível penetrar um pouco na sua criatividade, com a qual quebra os princípios aristotélicos, lançando-nos na mudança, no idealismo e na procura do futuro.

Para compreendermos o significado da sua obra e da sua personalidade, temos que penetrar na continuidade da mesma; as suas “formas” e os seus “objectos” atraem-se uns aos outros, estão prenhes de conceitos, da ordem na desordem, no “acaso que é a única coisa que não acontece por acaso”(Prof. Tiago de Oliveira).

Troufa Real traz-nos uma nova percepção da Natureza. A sua obra, iniciadora do Pós-Modernismo em Portugal, apresenta-nos a compreensão plena das implicações dos conhecimentos herdados do Mundo Lusófono, sua origem.

Troufa Real sabe anexar a religiosidade terrestre e celeste na Natureza universal do seu pensamento e criatividade.

O passo fundamental da sua existência como Homem, Professor, Arquitecto e Pensador foi criar um “conceito comunicável e perdurável” bem expresso na sua Pessoa e Obra, das “Casas Portuguesas” aos “Barcos em Terra” e à “Simbólica”.»

IN ”Homenagem da Fundação Convento da Orada a Troufa Real”,21 de Julho de 2001

 

João Rosado Correia
Professor Doutor Arquitecto
Presidente da Fundação Convento da Orada
Reitor da Universidade Galécia
21.07.2001