«

»

Jan 10

Prefácio de Troufa Real para o Livro “Cemitérios de Lisboa: entre o Real e o Imaginário” de Francisco Moita Flores

«O PROBLEMA DA MORTE E NO FUNDO O PROBLEMA DA VIDA»                    Guerra Junqueiro

                                                                                                                                                             

A propósito da Morte, todas as investigações, estudos, conferências, conversas, visitas ou simples passeios a cemitérios, que o Dr. Moita Flores tem vindo a realizar, de uma forma sempre apaixonada, científica e profundamente culta, têm constituído uma notável contribuição, não só para o debate das ideias eminentemente filosóficas, sobre as questões de fundo do significado da vida, como também para a compreensão global de muitos dos fenómenos antropológicos do evoluir dos tempos, quer sejam de carácter social, religioso ou político, quer do domínio da intervenção do homem enquanto construtor do seu próprio espaço edificado, seja ele rural ou urbano.
Lisboa tem vindo a ser um dos seus principais «laboratórios» de pesquisa intelectual, naturalmente por se tratar de uma das grandes cidades do mundo, que tem servido de plataforma de suporte na «passagem» neste pequeno planeta dó vasto universo de que fazemos parte, e que a história nos tem vindo a contar.
Os Cemitérios do Alto S. João e dos Prazeres, são alguns dos seus espaços urbanos preferidos de meditação, e das suas leituras culturais, científicas e técnicas por onde passam muitos dos seus apelos e preocupações, pela singular carga «humana» que contêm, (memórias de família, referências de grandes personagens, e que lá se encontram sepultadas) como por inúmeras outras razões que só ele tão bem sabe contar e explicar, mas também pelo significado de ali se encontrarem algumas das artes do desenho, não só urbano e que tem a ver com a história das cidades, mas também pelas arquitecturas, esculturas, e pinturas de grande qualidade e que reflectem, grandes momentos dos seus notáveis autores. Aí se poderão rever, obras de grandes mestres arquitectos, escultores e pintores tais como Teixeira Lopes, Canova, Adães Bermudes, Norte Júnior, Keil de Amaral, Francisco dos Santos, Luís Xavier, Palma de Melo entre outros, nas suas linguagens próprias e do seu tempo cultural, como também se poderão encontrar extraordinários exemplos da arquitectura fantástica, simbólica, de tantos outros criadores anónimos de alerta pelo mau estado de conservação, desse grande património cultural edificado que representa na cidade de Lisboa no domínio de todas as artes.
Bem Haja, por mais trabalho, meu querido companheiro de oficina e grande amigo.

 

Troufa Real Prof Arquitecto
1993